terça-feira, 5 de outubro de 2010

Alergia ao leite de vaca ou intolerância à lactose?


    É muito comum termos um parente ou conhecido que diz ter alergia ao leite de vaca ou intolerância à lactose. Afinal de contas, estamos falando do mesmo problema? Se não, o que caracteriza cada caso e como deve ser a alimentação destas pessoas?
    A intolerância à lactose é uma condição em que alguns indivíduos apresentam uma deficiência de lactase, enzima presente na mucosa do intestino e que é responsável por digerir o açúcar do leite, a lactose.
    A intolerância à lactose é uma condição em termos quantitativos, ou seja, dependendo do indivíduo, doses específicas do carboidrato podem ser toleradas e sendo assim não desencadear nenhuma resposta.
    O tratamento portanto pode ser medicamentoso, quando o médico prescreve a enzima lactase, ou pode ser por meio do controle da dieta, em que os produtos isentos de lactose substituem os normais.
    Com o desenvolvimento da indústria alimentícia, temos hoje no mercado leite e preparações que contem este ingrediente em sua composição, como chocolates, biscoitos, mas que por um processo da industria, isentas de lactose, sendo portanto uma alternativa para estes indivíduos.
    Geralmente os queijos e iogurtes são tolerados por alguns indivíduos pois no processo de sua fabricação temos uma redução significativa na quantidade da lactose, mas isso varia de indivíduo para indivíduo.
    Já a alergia à proteína do leite de vaca, denominada muitas vezes por APLV, é uma reação do nosso organismo à proteína do leite e sendo assim desencadeia uma resposta, que pode contemplar a ativação das células de defesa ou não.
    O problema é que no caso das pessoas alérgicas à proteína do leite de vaca, esta patologia surge na infância, muitas vezes decorrente da inclusão precoce deste alimento em substituição ao leite materno ou por alguma impossibilidade do aleitamento materno e consequente substituição deste por fórmulas infantis à base de leite de vaca.
    Quando a APLV então é confirmada é necessário o uso de fórmulas infantis específicas para este quadro: ou de proteína isolada de soja ou do tipo extensamente hidrolisada – em que sua composição é predominantemente de aminoácidos livres. Quando a criança está recebendo leite materno, há alguns consensos que orientam a exclusão da proteína do leite da dieta materna.
    Na maioria dos casos é a proteína denominada lactoglobulina a principal causadora da alergia, e qualquer quantidade pode causar esta reação alérgica. Portanto deve-se excluir todas as preparações que contenham o leite de vaca e a substituição destas por produtos à base de soja – já há queijos (tofu), sucos disponíveis no mercado. Hoje em dia, com o desenvolvimento da indústria, descoberta da soja e dos possíveis produtos e preparações a partir dela, temos no mercado várias opções disponíveis.
    No passado e ainda hoje é muito comum a prática da substituição do leite de vaca pelo leite de cabra, mas é importante destacarmos que esta atitude não resolve a situação por este apresentar um perfil de proteínas muito semelhante ao leite de vaca, havendo assim grande chance de desencadear o mesmo processo alérgico por parte do organismo.
    Quanto à substituição pela soja, esta deve ocorrer somente em crianças maiores de 1 ano de idade e é importante que elas não apresentem sintomas da alergia ào leite de vaca, pois estudos demonstram uma maior chance de intolerância a este alimento quando isto ocorre.
    É muito comum mães ou responsáveis descreverem uma certa intolerância à soja, mas precisamos destacar que, muitas vezes esta é ofertada às crianças através do extrato de soja, comumente vendido em mercados, por um preço mais barato, mas por ser muito impuro, frequentemente causa reações alérgicas.
    Antes de qualquer substituição e após a observação de intolerância um profissional deve ser procurado para que os pais e responsáveis recebam informações adequadas à esta condição particular, principalmente quando se trata de crianças, fase em que há uma grande demanda de nutrientes e na falta destes podemos ter grandes prejuízos.

Os benefícios do aleitamento materno para as mamães

    Muito se fala dos benefícios que o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade traz para o bebê e como essa adequada nutrição e proteção que o leite materno proporciona pode ajudar no seu crescimento, desenvolvimento e em sua condição de saúde da fase infantil até a idade adulta.
    Mas é importante destacarmos que o ato de amamentar traz benefícios não só para os bebês e também para as mães, uma vez que sua realização pode promover uma proteção contra o câncer de mama, da recuperação fisiológica após o parto, atuar como um método contraceptivo, além de ser uma forma de economia.
    A prática de amamentar vem sendo estudada e pesquisas demonstram que a mesma confere à mãe uma certa proteção contra o câncer de mama e de ovário. E essa proteção é diretamente proporcional ao tempo de aleitamento materno, ou seja, quanto maior for o tempo que a criança foi amamentada, maior é a proteção conferida à mãe.
    Os médicos e enfermeiras sempre orientam e explicam sobre a importância da amamentação desde o término do parto, e tal ato está relacionado ao fato de que a sucção do bebê faz com que a hipófise – órgão responsável por controlar a liberação de hormônios, liberar ocitocina, que além de promover a descida do leite promove a contração do útero, fazendo com que haja uma diminuição do sangramento.
    Durante a sucção do bebê também temos a liberação de prolactina, hormônio que diminui a liberação de outros dois hormônios – hormônio luteinizante e folículo estimulante – ambos necessários para a expulsão e desenvolvimento do óvulo. Sendo assim o aleitamento materno realizado de maneira adequada e contínua é capaz de promover uma "infertilidade" após o parto, pelo mecanismo de inibição da ovulação e menstruação. Mas devemos ressaltar mais uma vez que para que isso aconteça a amamentação deve ocorrer de forma intensa e frequente, o que denominamos de livre demanda.
    A manutenção do aleitamento materno também faz com que a reserva de gordura, que foi acumulada durante a gravidez, seja mobilizada, o que facilita o retorno ao peso da mãe.
    E não podemos deixar de destacar também o benefício econômico de que as mães dispõe com a prática do aleitamento materno, pois este é gratuito e depende somente da alimentação adequada da mãe. Fica claro portanto, que quando substituímos o leite materno por fórmulas artificiais, estamos aumentando não só o gasto com a aquisição destas mas também com os utensílios necessários à sua produção, administração ao bebê – mamadeiras – ao maior tempo de preparo que estas demandam e ao gasto com medicamentos e internações, que comprovadamente aumentam em crianças que não são alimentadas pelo leite materno.
    Sendo assim, sempre que as mamãe se depararem com alguma dificuldade ou maior esforço que o aleitamento materno, na maioria das vezes exige, é de extrema importância que se pense além dos benefícios para a imunidade, nutrição e crescimento adequado do bebê, aos benefícios que elas mesmas podem receber amamentando seus filhos.